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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Aprendi com a dor(Mensagem Recebida em 28/05/2012)


A força que buscamos para o caminhar diário está muito próximo da divina criação. Me farei compreender melhor nessas singelas linhas que vos escrevo dando-lhes o testemunho de alguém que já foi bastante soberbo e extremamente arrogante entre vós.
Os tempos eram outros, o dinheiro era mais fácil e bastava ter uma idéia um pouco inovadora para esbanjar milhares de cédulas em dinheiro corrente. A cidade era Londres, aos tempos de 1976. Muita perseguição religiosa, gritos de horror varavam a noite enquanto nós que tínhamos uma certa posição financeira, dormíamos tranquilos. Judeus sendo mortos e esquartejados por todo lado. A religião cristã tornara-se sinônimo de avareza, cobiça e muito poder. Era bancário, após ter conseguido juntar certa quantidade de dinheiro em meio a jogos e pequenas trapaças. Esbanjava uma posição social invejável aos olhos alheios e me atinha muito pouco a outra coisa que não fosse acumular bens. Certa vez caminhava voltando de um dos bordéus feito para gente como eu, muita bebida, jogatina e mulheres à vontade, todas doidas para gastar o que juntávamos com tanto suor. Devia passar das duas horas da madrugada. A noite de Londres, sempre muito fria, fazia com que muito pouca gente andasse a essa hora na rua. Achava-me o máximo, todos me conheciam pelo que eu gastava, inclusive os malfeitores. Foi esse excesso de confiança que me levou ao encontro de um jovem, bem apessoado, sentado à cochia da calçada. Ele me cumprimentou e pediu um cigarro, joguei-lhe logo um maço do melhor cigarro da redondeza. Ele rapidamente levantou-se, acendeu um cigarro e perguntou onde eu ia tão tarde. Na minha soberba imponência respondi que descia à minha casa, pois estava bem disposto e a fim de mais curtição e bebida.. Ele então perguntou-me senão gostaria de acompanhá-lo à casa de uma amiga onde estariam amigos comemorando um aniversário. Excelente oportunidade, pensei e saímos. Ao chegar, logo percebi que algo não estava certo. Casa bem escura e sombria nos aguardava, nenhum ruído, mas duas mulheres um tanto mal vestidas nos aguardavam à porta. Pensei: "E porque não, o que pode um homem desses contra mim...". Entrei de pronto com o novo amigo e as garotas, foi quando recebi um golpe forte na cabeça e desmaiei. Vi-me atormentado, como cego. Não enxergava nada, nem mesmo minhas mãos. Aquelas estranhas personagens haviam desaparecido e eu estava bem perdido. Só posso ter bebido muito, pensei. estou em casa e esqueci de acender as luzes.
O tempo passava e não conseguia sequer dormir,não achava minha cama nem o interruptor para clarear um pouco minha visão. Tomei-me de desespero e vi-me sozinho e com muito frio. Corri bastante, porém não acabava a escuridão. Não havia um objeto sequer no caminho. Comecei a gritar desesperadamente durante muito tempo, nem sei quanto tempo durou aquele grito. Cansei e sentei-me em meio ao lúgubre ambiente. Não sabia mais o que fazer, o desespero transformou-se em agonia e comecei a chorar, como nunca. Chorar não era algo que um homem em minha posição fazia com facilidade. Eis que me aparece ser estranho, de boa estatura, olhos claros, bem iluminado e se dizendo chamar-se Azarrel. Tamanho era meu desespero que abracei-me com aquele estranho como se fora meu pai. Ele me acalmou, tocou-me a fronte e perguntou se estava pronto para a próxima etapa. Seja lá o que fosse não poderia ser pior que aquilo. De pronto aceitei. Acariciando minha cabeça fomos transportados instantaneamente para um vasta área aberta bem iluminada por um sol radiante de beleza incomparável e meu novo amigo me disse: "Já aprendeste o que é viver sem os olhos, agora aprendes a viver sozinho, sem compartilhar nada que tens, nem sentimentos. Aproveita e conhece-te melhor. Então voltarei...". O meu salvador desapareceu como que fumaça que esmaece ao fim da tarde pela baixa temperatura na rua. Caminhei um pouco para ver se encontrava algo ou alguém, mas quanto mais andava parecia que não saia do lugar. a natureza era vista aos olhos, mas não se ouvia nenhum ruído de bichos ou folhagens, apenas aquela bela imagem como uma pintura à parede.
Foi bem tranquilo os primeiros dois dias, porém a fome e a sede me consumiam em demasia e a solidão estava cada vez mais a me deprimir. Comecei então a pensar na época em que estava sempre rodeado de belas mulheres e amigos riquíssimos e solícitos à minha vontade. Como era feliz, pensei.
Ao final do sexto dia, praticamente sem forças para lutar clamei por meu novo amigo com um grito que ecoava ao longe, representando todo o meu desânimo daquela situação, estava deveras deprimido e não havia mais o que lutar. Apareceu-me então meu amigo e salvador, deu-me as mãos e segurei-a com força, para que não fugisse. De imediato fomos para um rio bem límpido e de águas serenas, estávamos ao centro dele e meu amigo AzarrelAzarrel que me disse: "Pronto, cumpriste a terceira e última etapa para prosseguires com tua missão, retornas e segues caminhando com a luz que agora brota de teu coração, e nos encontraremos em breve...".Dormi profundamente após o discurso de meu sábio amigo e ao acordar estava na casa que me lembrava estar chegando com o disfarçado meliante que convidou a farrear. Estava deitado sem roupas e sem dinheiro, sequer meus sapatos eles deixaram, levantei-me bem assustado, mas com uma certeza renovadora dentro de mim, muito errei e preciso levar a outras pessoas um pouco desse sentimento que aprendi a duras penas com meu amigo: O amor. Vendi quase todos os meus bens e dediquei-me a cuidar de senhoras e crianças em situação de abandono nas ruas de Londres, montei um albergue que distribuia comida e abrigo a pessoas menos favorecidas e mudei-me para as montanhas. Lá construi uma pequena cabana de madeira, sem luxo, sem objetos que produzissem som, apenas eu e Deus. Foram os últimos dias mais felizes que já passei. a cada amanhecer olhava para o sol renovado e sentia como se Deus dissesse a mim: "Obrigado, meu filho...". Um grande abraço a todos e fiquem com Deus.


R. B.

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