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sábado, 16 de junho de 2012

A família e o tempo (Mensagem Recebida em 16/06/2012)


Acima de todos os meus desejos estava o amor pelos meus filhos. Trabalhei duro durante vários anos em empresa de cosméticos, consegui arrecadar algum dinheiro e tinha uma vida bem confortável com mulher e três filhos pequenos. Necessidades físicas sempre passaram longe de nossa casa, tínhamos bem mais que o supérfluo. Nossa rotina, como de qualquer outra família, havia discussões, alguns percalços entre as crianças e o velho problema com a educação dos pequenos. Minha bela esposa, mulher fiel, dona do nosso lar, tinha sempre tudo sob controle, mesmo quando as crianças não facilitavam. Dedicada às tarefas do lar, das coisas de família e da minha rotina. Eu, por minha vez, dedicava muito tempo ao trabalho e que sobrava gastava com meus amigos em bebedeiras intermináveis. Mesmo assim, procurava chegar em casa a tempo de botar meus filhos na cama, dar-lhes um carinhoso beijo e cobri-los de amor. Eis que a vida me pregaria uma peça inesquecível, mesmo para mim, que tinha uma certa fé na vida futura. Estacionei meu carro na empresa e ao tentar descer do mesmo, fui colhido por um caminhão desgovernado que atravessou duas avenidas até chocar-se com meu carro. Não deu tempo de sentir muita coisa, sabe aqueles cochilos repentinos que nos leva a um breve devaneio da realidade? Foi assim que me senti. Ao voltar a si, percebi como se estivesse em casa, na minha cama. Foi tudo um sonho, pensei. Mas logo percebi tratar-se de um imenso pesadelo. Minha esposa adentrou o quarto chorando e deitou-se ao meu lado chorando, aos prantos, tentei acaricia-la e não consegui. Entrei em desespero, corri até o quarto dos meninos e vi os três agarrados chorando muito, gritei seus nomes e parecia que não existia. Sai de casa desesperado e corri muito gritando por socorro, mas as pessoas me ignoravam ou faziam de conta que não era com elas. Cansei de tanto chorar e sentei à beira da calçada, já a alguns quarteirões de casa, senti alguém sentar-se ao meu lado e colocar a mão em meu ombro. Quando olhei, percebi uma senhora de meia idade, bem sorridente que mantinha aspecto bem jovial e feliz. Ela estava vestindo um belíssimo vestido amarelo claro, com uma manta branca por cima. Perguntei se ela sabia algo a respeito da minha história, nem quis saber-lhe o nome. Ela sorriu e disse: "Difícil meu amigo, a tua fé era alimentada por falsas expectativas da eternidade, hoje sofre as prisões que lhe deixou a matéria". Argui  a mesma a que prisões ela se referia e ela de pronto me respondeu: "É muito fácil teorizar sobre o futuro, mas quando ele bate a porta, sentem-se perdidos querendo consertar coisas que já não tem mais conserto. Compartilhar sensações que deveria ter vivido. Você desencarnou meu amigo, e seu sentimento de posse para com sua família lhe mantêm preso à sua casa". Respondi à doce senhora: " Mas nossa vida era bem equilibrada, criamos nossos filhos no caminho do bem e minha amada esposa sempre foi muito dedicada e fiel. Enquanto a mim, sempre trabalhei por eles, para lhes dar conforto e bem estar, para que não lhes faltasse nada". Mas ela reiterou: " Sim, é verdade, mas o Criador não leva em conta apenas vossas atitudes , mas o sentimento que ecoa em vosso coração. Esteve muito preocupado em lhes dar conforto, mas esqueceu de lhes dar a alforria de vossa tutela. No seu interior, a família é sua, e só sua. Somente você é capaz de dar o direcional de cada um de seus membros, sabemos em verdade, que muito falta para que tenha tal discernimento. Prende-se então nesse sentimento de posse que lhe consome diante da impossibilidade de guiar o leme desta família". Fiquei muito espantado com tais explicações e resolvi voltar a minha casa agora acompanhado desta senhora gentil. Percebi nos rostos de meus queridos o quanto meu comportamento fez-lhes mal. Pareciam perdidos e diziam a todo instante o que iriam fazer agora sem o chefe de família a guiar-lhes os passos. Minha esposa tão segura de si, estava desnorteada, entorpecida de medicamentos e sem saber o que fazer de agora em diante. Supliquei ardentemente o concurso de Deus para que pudesse auxiliá-los e fui interpelado pela feliz senhora que me acompanhava: "Agora é hora de cuidar de si, para que em seguida, possa cuidar novamente dos seus. Venha comigo em comece nova etapa de vossa mente e espírito". Mesmo receoso de deixar minha família só segui, fui com aquela amiga e hoje encontro-me em tratamento em belíssima colônia de auxílio para recém desencarnados. Espero ansiosamente o dia que poderei rever meus queridos, de poder dizer-lhes como os amo e como aprendi a ser inteiramente de Deus.


L.T. 

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