As marcas de nossa imaturidade espiritual nos fazem rótulos pela eternidade. Por mais que nos esforcemos em tentar a mudança verdadeira, sempre há os olhos que julgam, que desmerecem, que nos fazem sentir desmotivados e sem ânimo para prosseguir. Sangraram minhas mãos mesmo ainda tão jovem neste mundo, fizeram de minha carne instrumento de desabafo para as furias do cotidiano, mesmo assim sou marcado por erros de um passado que mal lembro. Minha vó dizia que crianças morriam e iam direto para o céu, quão triste foi perceber que tudo não passava de falácia para minha inocência temporária da idade. Nem posso dizer que tive pais, tive algozes, seres que nem sei se chamo de humanos que me tiraram toda a dignidade e a vontade de seguir respirando. O abraço de misericórdia que senti foi o da morte, que finalmente me tirou desse suplício. Tem dias que me vejo aquela criança sofrida e amargurada, triste, decepcionada. Já outros dias me vejo como um velho que nem reconheço, com um ódio no coração que sequer ei da onde tirei. E num lapso de tempo em dois mundos escrevo minhas angústias, as vezes nem consigo, forças que desconheço me puxam para o vácuo de sentimentos daquele lugar horrendo, escuro e vazio. Como sempre peço que orem por mim, nem sei direito para que, mas sei que minha alma não aguenta mais esse suplício. Me despeço com minhas sinceras desculpas pelas palavras de desagrado e deprimentes, mas é a única linguagem que me sobrou.
Mensagem em 26/06/2019
Lucas Otávio
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